O soldado da Polícia Militar que atendeu a ligação da mulher que usou o "truque" de pedir pizza para denunciar violência doméstica afirmou que sentiu a tensão na voz da vítima, percebendo rapidamente que havia algo de errado. O soldado Cássio Júnior dos Santos, que atendeu em Araçatuba à ligação feita em Andradina, no interior de São Paulo, explicou como a história aconteceu. "Ela ligou 190 e no primeiro momento ela disse que queria uma pizza", detalhou ele, afirmando que tentou conversar mais com a vítima para confirmar suas desconfianças. Cássio conta que logo após fazer a pergunta já percebeu que "havia algo de errado". "Eu questionei se havia alguém armado e ela respondeu que mais ou menos, depois perguntei se a ligação estava no viva voz e ela disse que não", detalhou o agente. Cássio trabalha no Copom (Centro de Operações Policiais Militares) e recorda-se que, a partir da identificação do caso, explicou à mulher como iria proceder, enviando uma viatura até o local. Questionado sobre como teve o "tato" para perceber o pedido de socorro da mulher, o soldado afirma que o procedimento fez parte de um treinamento recebido pela equipe no ano passado.
Confira abaixo a transcrição da conversa entre o soldado e a vítima: Soldado:Polícia Militar, emergência. Vítima:Boa noite. Soldado:O que tá havendo aí? Vítima:Gostaria de pedir uma pizza, fazendo um favor. Soldado: A senhora está ligando na Polícia Militar Vítima:É isso mesmo. Andradina Soldado:Andradina. Qual é seu nome? Áudio alterado para não compreender o nome Soldado: Tem alguém armado aí? Vítima:Mais ou menos? Soldado:Faca? Vítima:Me traz uma pizza de... Soldado:Que bairro é aí? Vítima:Jardim Europa. Soldado: Você precisa de socorro médico ou não? Vítima:Não. Me traz uma pizza de peperonni. Soldado:Ok. Foi cadastrada a ocorrência, tá bom? Vítima:Tá bom, obrigado.
O suspeito, marido da vítima, fugiu assim que percebeu a aproximação do carro de polícia. Aos policiais, a mulher contou que sofre agressões frequentes do marido e que, naquele dia, o suspeito fez ameaças de morte contra ela e os filhos. Ela alegou que a discussão começou depois que ela questionou a presença de uma motocicleta na casa, já que o homem estava desempregado. Os policiais confirmaram que o veículo em questão era furtado e recolheram a moto para passar por perícia e ser devolvida ao dono. A mulher registrou boletim de ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra o marido, segundo confirmou hoje a Delegacia de Defesa da Mulher. O inquérito foi dividido em dois. O de furto ficará sob responsabilidade da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), e o de violência doméstica será guiado pela DDM (Delegacia de Defesa da Mulher). O suspeito é considerado foragido.