Em um comunicado divulgado no Facebook, o Stand News informou que seu editor-chefe Patrick Lam pediu demissão e os demais funcionários foram demitidos.
"Devido à situação atual, o Stand News vai parar de operar imediatamente e deixará de atualizar seu site e redes sociais", afirma a mensagem.
O jornal pró-democracia agradece os leitores e recorda que foi criado como um meio de comunicação sem fins lucrativos em dezembro de 2014 para "tomar uma posição por Hong Kong".
"O Stand News era editorialmente independente e se dedicava a proteger os valores centrais de Hong Kong, como a democracia, os direitos humanos, a liberdade, o Estado de direito e a justiça", afirma o comunicado. O Comitê pela proteção dos jornalistas denunciou um "ataque aberto à já esfarrapada liberdade de imprensa em Hong Kong."
Operação conta com mais de 200 policiais
Mais de 200 policiais uniformizados e à paisana participaram nesta quarta-feira de uma operação na redação do jornal, durante a qual seis pessoas foram detidas e material jornalístico foi apreendido.
Os policiais chegaram ao local com dezenas de grandes caixas de plástico para apreender computadores e documentos: funcionários que já estavam nos escritórios foram obrigados a abandonar o local e o prédio foi isolado.
A polícia informou ter tido autorização de um tribunal para "fazer buscas e apreensão de material que pudesse ser de interesse".
O site independente de notícias online Stand News, o segundo meio de comunicação fechado em Hong Kong, de alguma forma preencheu o vazio criado na imprensa local pelo fechamento do grande jornal da oposição, o Apple Daily, em junho passado , mas com muito menos recursos.
O jornal pró-democracia Apple Daily encerrou as atividades em junho, quando teve os bens congelados.
A repressão à imprensa local em Hong Kong, sede regional de várias publicações internacionais, aumentou depois dos grandes protestos pró-democracia de 2019 e da posterior imposição de uma lei de segurança nacional por Pequim, usada para calar a dissidência.
Acusados de conspiração
Ao mesmo tempo, pelo menos sete pessoas foram presas em suas casas, incluindo a famosa pop star e ativista pró-democracia, a cantora Denise Ho, que havia renunciado ao Conselho de Administração da Stand News no mês passado e a advogada e ex-parlamentar Margaret Ng.
O atual editor interino do Stand News, Patrick Lam, bem como Chung Pui-kuen, o ex-editor que recentemente renunciou ao cargo, também foram detidos. Todos são acusados de "conspiração para produzir e distribuir material sedicioso" sob uma antiga lei colonial de 1937.