06/08/2021 às 12h27min - Atualizada em 06/08/2021 às 12h27min
Família de brasileiro achado morto em apartamento na Califórnia faz campanha para translado do corpo
Anderson Silva Sodre, de 26 anos, morava na Califórnia e trabalhou cuidando de crianças de família em Orono, cidade próxima a Minneapolis; ele era de Sorocaba, interior de São Paulo. Família diz que precisa de R$ 50 mil.
A família do jovem de Sorocaba (SP) que foi encontrado morto no apartamento em que vivia em San Francisco, na Califórnia, iniciou uma campanha na internet com o objetivo de arrecadar dinheiro para trazer o corpo ao Brasil. Anderson Silva Sodre, de 26 anos, também conhecido como Ander Jackson, foi encontrado morto na quarta-feira (4). Uma amiga do jovem soube da morte e passou o contato dos parentes dele para as autoridades. As causas estão sendo investigadas. Ander ficou conhecido com vídeos de humor na web com 116 mil seguidores no Instagram. No ano passado, ele denunciou episódios de racismo nos Estados Unidos, onde trabalhava e morava desde dezembro de 2018. De acordo com a família, a meta da vaquinha online é arrecadar R$ 50 mil até domingo (8). Caso não seja alcançado, o preço ficará mais caro. As informações sobre a campanha podem ser consultadas no perfil da irmã de Ander. "Somos de família humilde e não conseguimos arcar com os custos do translado para trazê-lo para o Brasil. Precisamos de ajuda para que ele possa ser velado e sepultado em Sorocaba, perto da sua família e amigos que tanto o amam", escreveram os familiares na divulgação da campanha. Em nota, o Itamaraty informou que está ciente do caso e o Consulado Geral do Brasil, em São Francisco, está à disposição para prestar a assistência aos familiares do jovem. Em caso de morte de brasileiros no exterior, os consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar os contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito. Segundo o Itamaraty, o traslado dos restos mortais de brasileiros mortos no exterior para o Brasil é uma decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos. Inicialmente, o jovem se mudou para os Estados Unidos para participar de um programa para cuidar de crianças em Orono, cidade próxima a Minneapolis. Durante os dois meses em que viveu com a família na cidade, Ander Jackson afirmou em entrevista, no ano passado, que foi obrigado a manter a limpeza dentro e fora da casa. Na ocasião, o frio acumulava gelo no quintal. “Eu não tinha ninguém para conversar, muito menos brasileiro. Eu sabia que algo estava errado e eu comecei expor a eles sobre a situação. Eles disseram que mudariam a posição, mas nada aconteceu.” Nos dias seguintes, a família não o levou para encontros com amigos ou para sair com conhecidos. “Uma dia foram para casa de um amigo para jantar. Não queriam me falar e eu entendi que foi pela cor da minha pele, porque todos eram brancos. Era uma família sem amizade com nenhum negro, nunca vi foto nem nada”, disse. O estopim para o relacionamento entre o brasileiro e os americanos ocorreu depois de ter o horário controlado nas folgas e responder por atividades que não eram de responsabilidade da função. Depois de cuidar de crianças e deixar a região pela situação, o jovem trabalhou com a entrega de alimentos e dividia o aluguel com amigos na Califórnia. A renda era mantida com o trabalho de motorista por aplicativo.