A Unidades Básicas de Saúde de Sorocaba (SP) (UBSs) começaram a racionar o uso da vacina BCG, que previne contra a tuberculose. A medida é para evitar a falta dessa vacina nos postos de saúde.
A partir de agora a aplicação do imunizante será realizada por agendamento, isso porque depois que o frasco é aberto, em seis horas, se as doses não forem utilizadas, o restante vai para o lixo.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Sorocaba (SES), os recém-nascidos já saem vacinados da maternidade, pois esta é uma das primeiras vacinas recebidas quando uma criança nasce no Brasil. Mas quando isso não acontece, os pais devem procurar a unidade de saúde.
"Como o repasse da vacina está mais difícil, a unidade de saúde está esperando juntar de dez a 15 bebês que devem receber a dose para abrir um frasco de vacina e todas são vacinadas no mesmo dia. Aquelas que sobram precisam ser descartadas depois de seis horas da abertura."
A racionalização é para ter um melhor controle sobre esse uso e para que perca o mínimo de doses possíveis. Ainda segundo a secretaria de saúde, as UBSs entram em contato com os pais para fazer o agendamento.
O desabastecimento da vacina começou em maio, quando a única fábrica autorizada a produzir o imunizante no país foi interditada pela Anvisa.
As instalações pertencem à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), localizada no Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde enviou uma circular aos estados informando que diminuiria de 1 milhão para 500 mil o número de doses enviadas mensalmente devido à dificuldade de compra e à baixa disponibilidade nos estoques nacionais. O problema deve durar pelo menos sete meses.
Em fevereiro, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu um inquérito para investigar possíveis irregularidades na gestão da fundação.
O ideal é que a vacina BCG seja aplicada ainda na maternidade, no máximo, até o fim do primeiro mês de vida.
Desde que os problemas com a produtora nacional começaram, o Brasil tem obtido doses de BCG com o Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Ppas), braço regional da OMS, Organização Mundial da Saúde. O fundo fornece vacinas e insumos, como seringas, a governos locais e nacionais que não têm produção nacional disponível.
A Secretaria de Estado de Saúde informou que a vacina BCG é distribuída pelo Ministério da Saúde e os municípios têm autonomia para adotar estratégias para otimizar o uso do imunizante para evitar perdas.