"Sinto-me ameaçado pelas declarações dos envolvidos, os quais têm grande poder político e econômico", afirmou Appio, no ofício, sem citar nomes.
Desde que assumiu a cadeira que foi de Sergio Moro, Appio tem adotado medidas que incomodam os antigos protagonistas da força-tarefa que desmontou esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e cartel na Petrobras. Appio e Moro estão em litígio. O juiz criticou publicamente os métodos da operação. Na segunda-feira, ele ouviu um antigo desafeto do senador, o advogado Rodrigo Tacla Duran, ex-operador de propinas da Odebrecht no esquema na Petrobras.
Tacla Duran disse ter provas de um pedido de propina na Lava-Jato em troca de facilidades para clientes. O advogado solicitou audiência a Appio para prestar esclarecimentos e fazer requerimentos. As acusações foram enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do foro privilegiado de Moro — hoje senador pelo União Brasil do Paraná — e do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da Lava-Jato.
Moro pediu a Appio que não despache mais em processos da extinta operação até a análise do pedido de suspeição formulado contra o magistrado por uma procuradora do Paraná. O senador requereu, ainda, que o juiz reconsidere a decisão de enviar ao Supremo as acusações feitas por Tacla Duran. Os pedidos foram protocolados no processo em que o advogado foi ouvido por Appio, que revogou uma ordem de prisão preventiva contra ele. Moro fez os pedidos como "interessado".