O ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara sua última cartada para convencer o presidente Jair Bolsonaro a apoiar seus projetos no próximo ano. Guedes que usar o apoio do mercado financeiro e de grandes empresários nas eleições de 2022 para cobrar de Bolsonaro a retomada da agenda de reformas e privatizações.
Prevista para acontecer entre 2020 e 2021, as reformas administrativa e tributária ficaram travadas devido à pandemia, além da necessidade de aprovação de outras pautas governistas e a falta de apoio a Guedes no Congresso Nacional. No quesito privatizações, a pasta até conseguiu emplacar a venda de ativos e da BR Distribuidora, mas enfrenta fortes resistências para as desestatizações da Eletrobras e Correios.
A estratégia de Guedes é usar a agenda econômica para aumentar votos de Bolsonaro. A popularidade do presidente entre os empresários tem caído nos últimos meses e há receio que os votos sejam migrados para outros pré-candidatos.
Outra preocupação é a aceitação de nomes da área econômica de concorrentes a cadeira do Palácio do Planalto. Sérgio Moro (Podemos) anunciou Celso Pastore como seu guro econômico, enquanto João Doria (PSDB) nomeou seu secretário da Fazenda, Henrique Meirelles. Ambos têm boa aceitação do mercado financeiro, principalmente Meirelles que foi ministro da Fazenda na gestão Michel Temer.
A ala política, no entanto, promete atrapalhar as iniciativas de Guedes. Aliados de Bolsonaro alertam o presidente sobre a possibilidade de rejeição das propostas por serem impopulares. Se aprovadas, na visão da equipe política, o impacto poderá ser sentido nas urnas.
Os braços-direitos de Bolsonaro ainda alertam que a proposta de Guedes é um reaquecimento das promessas já feitas nas eleições de 2018. Na opinião dos aliados, reviver projetos do passado em um ano complicado politicamente poderá prejudicar a campanha presidencial.
Se o apoio de Jair Bolsonaro for aquém do esperado, Guedes poderá ficar ainda mais distante da manutenção de seu cargo em caso de reeleição. Embora aliados vejam o ministro com participação ativa na campanha, eles admitem haver desgaste por falas de Paulo Guedes e a falta de aprovação do ministro no Congresso Nacional.
No balanço das ações da pasta de 2021, Guedes criticou o reajuste salarial, dias após Bolsonaro pedir aumento para policiais. Fora isso, o ministro culpou o Senado por travar a agenda econômica e admitiu a falta de apoio do governo aos seus projetos.