Foi só cair uma leve chuva antes da largada e o GP da Hungria se tornou a corrida mais improvável da temporada - com o resultado do pódio ainda sendo mudado horas depois da bandeirada, com a desclassificação de Sebastian Vettel depois que sua Aston Martin só tinha 300ml de combustível para serem inspecionados. O time já notificou a FIA de que pretende apelar da decisão. A equipe de Vettel argumentou que havia 1.44l no tanque. Porém, a FIA divulgou que deu várias chances para a equipe tentar retirar o combustível do carro, mas eles não conseguiram mais do que a amostra de 300ml. Há a obrigatoriedade de ter pelo menos um litro de combustível no tanque para análise. Sabendo que tinha pouco combustível sobrando, Vettel parou seu carro na pista logo após a bandeirada. Com isso, Lewis Hamilton saiu de Hungaroring com um lucro muito maior do que poderia imaginar quando se viu na última colocação logo nas primeiras voltas da prova, no que foi apenas um dos capítulos incríveis da 11ª etapa do campeonato: com a punição de Vettel, ele foi promovido para segundo, abrindo oito pontos de vantagem no mundial de pilotos para Verstappen, que subiu de décimo para nono. Mas Hamilton não é o único piloto que teve muito o que comemorar na Hungria: Esteban Ocon venceu pela primeira vez na Fórmula 1, depois de sobreviver a uma largada muito acidentada, com a pista úmida, e aguentar a pressão de Vettel por toda a prova. Ocon largava em oitavo, o que já marcava uma volta ao top 10 após sete corridas. Se não tivesse chovido, ele estaria bastante exposto ao ataque dos pilotos que largavam a partir da 11ª posição e poderia escolher pneus mais resistentes, já que tinha que largar com os macios, muito provavelmente fazendo uma parada a mais. Com a chuva, que chegou quando os carros já estavam no grid, tudo mudou: todos largaram com os intermediários, e logo descobririam que não havia muita aderência na primeira curva. Na frente, o pole Lewis Hamilton escapou de uma colisão provocada por seu companheiro, Valtteri Bottas, que tirou Sergio Perez e Lando Norris da corrida, e danificou o carro de Max Verstappen, que foi para o final do pelotão. Também tentando fazer a primeira curva por dentro, Lance Stroll, que tinha largado em 12º, também escorregou, e acertou Charles Leclerc. "Ele travou o pneu e evitou bater em mim de certa maneira. Fico contente que ele tenha feito isso! É claro que às vezes você precisa de sorte - e também de habilidade, espero!", brincou Ocon, que acabou emergindo de toda a confusão em segundo. Depois, o francês contou com um erro da Mercedes que, esperando mais chuva após um período de bandeira vermelha para que a pista fosse limpa, mandou Hamilton para o grid para a relargada enquanto todos os que estavam atrás dele, pararam para colocar pneus de pista seca. Foi quando o inglês teve que fazer sua troca logo em seguida que Ocon assumiu a liderança, onde ficou até o final, sempre tendo Vettel no seu encalço. Sem cometer erros, ele terminou a prova sendo aplaudido pelo companheiro Fernando Alonso, que terminou em quarto lugar. "Disse para ele que ele nunca vai esquecer este dia", revelou o espanhol, que também venceu sua primeira corrida em Budapeste, em 2003. As histórias de redenção não pararam por aí: Hamilton acabou tendo de escalar o pelotão e, mesmo fazendo uma parada a mais que a maioria dos rivais, terminou em segundo - e muito desgastado, tendo de ser atendido pelo médico da equipe com tontura depois da corrida - retomando a liderança do campeonato enquanto Verstappen, com o carro danificado por conta do toque com Bottas, pouco pôde fazer e foi apenas o nono. O inglês revelou que ainda luta com os efeitos colaterais de ter pego covid-19 no final do ano passado: "Ficou tudo meio borrado quando eu estava no pódio. Ainda é uma batalha me manter saudável depois do que aconteceu." Carlos Sainz acabou completando o pódio com a desclassificação de Vettel, vindo de um 15º lugar no grid devido a um erro seu na classificação. O espanhol apareceu em quarto lugar após toda a confusão da largada. Mas o mais impressionante foi ver Nicholas Latifi, da Williams, ocupando a terceira colocação, tendo largado em 18º. Ele estava em sexto antes da bandeira vermelha, e ganhou mais posições durante a parada nos boxes. Sem ritmo para acompanhar os ponteiros, Latifi terminou em sétimo, fazendo seus primeiros pontos da carreira. Curiosamente, ele acabou chegando na frente do companheiro George Russell, que nunca conseguiu superar em classificações. Mas o inglês estava longe de lamentar chegar atrás do canadense, até emocionando-se depois de ser perguntado se estava aliviado por, finalmente, fazer seus primeiros pontos pela Williams depois de várias oportunidades perdidas, especialmente nas últimas provas.