24/07/2021 às 11h37min - Atualizada em 24/07/2021 às 11h37min
Nível de represa cai pela metade em um ano e concessionária prevê usar volume morto em outubro
Segundo o gerente da empresa que gerencia a represa de Itupararanga, com um cenário de 50% de expectativa de chuva para os próximos meses, em outubro estaria chegando ao mínimo operacional, que seria o volume morto.
O nível da represa de Itupararanga, que abastece os municípios da região de Sorocaba (SP), caiu pela metade no período de um ano. A empresa que gerencia o local prevê o uso do volume morto em outubro se chover pelo menos 50% do previsto nos próximos meses. Itupararanga é gerenciada pela Votorantim Energia desde 1974. A concessão vence em 2024. Até o ano passado, a vazão na barragem era de 14 a 20 mil litros por segundo. O nível da represa estava em 62%. Desse total, 2,15 mil litros por segundo são destinados para o abastecimento de Sorocaba. Desde dezembro, a saída de água foi reduzida para 8,15 mil litros por segundo porque o nível de água diminuiu. Atualmente, o volume está em 32%. O gerente de planejamento de empresa Votorantim Energia, Jorge Barbosa, disse que para manter a turbina funcionando precisaria de, no mínimo, quatro mil litros, que seria a vazão mínima instituída pelos órgãos reguladores para manter a manutenção do rio Sorocaba. "Tendo um cenário de 50% de expectativa de chuva para os próximos meses, em outubro estaríamos chegando ao mínimo operacional, que seria o volume morto." A última vez que a represa ficou 100% cheia foi em 1960. Desde então, o volume morto foi atingido duas vezes: em 2003 e 2004. O nível atual é o mesmo registrado em outubro de 2014, quando o Brasil viveu uma crise hídrica. Agora, a previsão é que ocorra a pior seca dos últimos 91 anos. A ONG SOS Itupararanga enviou um ofício ao Gaema, Grupo de Atuação de Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público. Entre os pedidos, está a redução de vazão para geração de energia. A ONG pediu ao MP para que o Saae diminua a retirada de água da represa com a inauguração da estação de tratamento do bairro Vitoria Régia. Com a nova estrutura, a captação será feita diretamente do rio Sorocaba. De acordo com o promotor do Gaema, Antônio Farto Neto, a situação é preocupante e ele pretende comunicar a população para economizar água já que não há expectativa de chuva para reposição do reservatório. "Precisamos identificar, nos municípios da região da bacia, quais são aqueles que degradam o manancial, esgoto jogam, retiram água em excesso, não cuidando das nascentes, levantamento vai permitir um plano de ação emergencial, demanda tempo e já está sendo feito", explica o promotor. Em nota, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba informou que monitora a qualidade da água da represa de Itupararanga, tanto nos parâmetros físico-químicos, como os microbiológicos. O Saae também informou que acompanha os índices divulgados anualmente pela Cetesb, que monitora o manancial em vários pontos de amostragem, com coletas, e que o processo de potabilização da água ainda se mantém com grande eficiência em relação aos padrões para consumo humano. A autarquia afirma que mantém um programa de educação ambiental, orientando sobre o consumo consciente da água com o objetivo de preservação do recurso natural.