Um engenheiro da Prefeitura de Sorocaba recebeu R$ 20 mil para fraudar um laudo aumentando o valor do prédio particular que seria comprado pelo município para ser a nova sede da Secretaria de Educação. A Justiça aceitou uma denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, contra um secretário e um ex-secretário do município, pelo superfaturamento de R$ 10 milhões na compra do imóvel. Conforme o Gaeco, a negociação ocorreu entre outubro a novembro de 2021. Relatos da investigação apontam que Paulo Henrique Marcelo, então secretário de Urbanismo e Licenciamento e atual secretário de Desenvolvimento Econômico, e Fausto Bossolo, que era o secretário de Administração, teriam combinado o pagamento do valor de R$ 10,3 milhões a mais pela compra. O Gaeco cita também os empresários Arthur Fonseca Filho e Renato Machado de Araújo Fonseca, sócios da empresa dona do prédio em negociação.
Conforme apurado durante as investigações, o engenheiro devolveu o valor, que foi apreendido e está em uma conta judicial. São 200 cédulas de R$ 100, todas lacradas em uma embalagem de plástico. O dinheiro foi apresentado ao Gaeco de forma voluntária. Em oitiva, o engenheiro civil Areobaldo Negreti afirmou que teria recebido o valor para fraudar o laudo das mãos de Fausto Bossolo. Ele disse que havia uma quantia de mais ou menos R$ 10 mil no envelope e que o guardava em casa, mas que não o teria aberto. Entretanto, durante a contagem das células, constatou-se que o valor, na verdade, era de R$ 20 mil. A entrega ocorreu em 25 de novembro. Três imóveis foram avaliados durante o processo de compra do prédio onde seria a nova Secretaria de Educação. Segundo uma das testemunhas do caso, o primeiro fica no Éden e, à época, foi avaliado em R$ 16,6 milhões. O segundo fica na Avenida Camilo Júlio, e foi avaliado em R$ 22 milhões. O terceiro era justamente o comprado, que foi, inicialmente, avaliado em R$ 19,5 milhões. A testemunha afirma ainda que ficou sabendo das intenções, dentro da Prefeitura de Sorocaba, da aquisição do imóvel comprado posteriormente por valor maior. Ela também afirma que os dois laudos foram encartados a pedido do chefe da seção, e o terceiro, no valor de R$ 19,5 milhões, não. A ordem de pagamento de R$ 29,8 milhões foi feita em 2 de dezembro. Essa foi a data em que o dinheiro caiu na conta da empresa vendedora. No decorrer do inquérito, é possível verificar que, em 2012, o valor venal do imóvel era de R$ 4,9 milhões.