Um menino de 7 anos morreu na noite de terça-feira (11) após diagnóstico de Influenza A e suspeita de Covid-19 em um hospital particular de Sorocaba (SP). Os pais de João Luiz Leite Antunes contaram que ele começou a ter tosse no sábado (8) e no domingo (9) já apresentou febre.
"A febre não era muito alta, dei remédio e passou. Mas à noite e na madrugada de segunda-feira a febre voltou e não cedia com remédio e resolvi levar no hospital. O médico examinou e disse que poderia ser uma gripe, se os sintomas persistissem era pra gente voltar porque precisava esperar 72 horas do início da febre. Então, eu voltei para casa. Achei que ele não olhou o João direito, então levei em um médico que eu confio", conta a mãe Mariana Martins Leite Antunes.
A mãe conta que o médico de confiança da família disse que poderia ser H3N2 e deu remédios para que o tratamento fosse feito em casa. Na terça-feira (11), Mariana relembra que João acordou sem febre, só que as mãos e os pés estavam muito gelados e o cobriu.
"Ele não estava comendo nada e me pediu salsicha, mas ele vomitou. Ele disse que não estava com dor. Ele não comia nada e me disse que estava fraco e aí levei no hospital de novo".
No hospital, ele foi encaminhado para a ala de emergência, deram um soro com remédio para a ânsia. A temperatura foi aferida e estava com 34,4º C.
"Encheram ele de cobertor para poder esquentar, só que não aumentava a temperatura e mudaram ele de lugar. Depois viram de novo e estava 35,8ºC. Ele me pediu pra comer e dei uma bolachinha. Logo ele me pediu pra ir ao banheiro mas não deu tempo, a pressão dele caiu muito, estava 5 por 4. Reanimaram ele e colocaram oxigênio. Nessa hora fizeram os exames, teste de Covid e gripe", conta a mãe.
Por conta da oscilação da temperatura, a mãe explica que os médicos preferiram por levá-lo para a UTI. "Foi super rápido, saiu o teste de Covid e deu negativo. Só que ele estava sentindo muita dor nas costas e na barriga. Depois que subiu para a UTI e eu não vi mais ele".
"A médica veio e me disse que ele tinha tido uma parada cardíaca e que o exame dele tinha dado muito alterado e estava com uma infecção generalizada. Quando ela voltou de novo me disse que ele tinha tido mais duas paradas e eles tinham reanimado e me pediu para ficar lá em cima com alguém. Eu e minha irmã ficamos na frente da porta. Ela veio mais uma vez e me disse que fazia mais de uma hora que estavam tentando reanimá-lo".
Logo depois a médica veio e confirmou o óbito do menino. "Não podia ter equipe melhor para atender meu filho, eles fizeram de tudo".
Sem velório
No dia seguinte, na quarta-feira (12), com a troca de equipe do plantão, o pai do João, Zeca Antunes, que estava voltando de uma viagem, chegou no hospital e foi surpreendido com os médicos.
"Os papéis já estavam certo para fazer o velório e o sepultamento quando o hospital nos ligou e outra equipe médica estava lá. O médico e a enfermeira-chefe nos informaram que o quadro de falecimento haveria que ser mudado porque o exame do PCR não havia saído o resultado. O médico que sempre cuidou do João disse que isso não era necessário, pois já tinha saído o teste rápido e tinha dado negativo", conta o pai.
Zeca também afirmou que contestou o médico sobre a mudança do atestado de óbito e que a equipe apenas afirmou que precisava do resultado do PCR e que sem ele, seria dado como suspeita de Covid. No atestado, também foi colocado na causa da morte 'Influenza A (+)'.
"Não tivemos velório, eu não me despedi dele, estava a mais de 400 quilômetros daqui. Não quero que nenhum pai, mãe ou filho passe por isso que passamos".
"Era um menino muito doce, carinhoso. Está sendo muito difícil", conta a mãe.
Em nota, a prefeitura de Sorocaba informou que este caso está sob investigação da Vigilância Epidemiológica Municipal para apurar a confirmação, ou não, de H3N2. Até o momento, nenhum caso de gripe em crianças foi registrado.
Em adultos, houve três casos no ano de 2022 e um óbito de uma mulher de 71 anos, com comorbidades, no dia 1 de janeiro.