O ministro da Educação Milton Ribeiro negou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interfira nas provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Ribeiro também disse à CNN Brasil que o Enem deste ano está "garantido". O exame está previsto para ocorrer nos dias 21 e 28 de novembro.
Ontem, no fórum de investimentos em Dubai, nos Emirados Árabes, o chefe do Executivo comentou a demissão em massa de mais de 30 servidores no Ministério da Educação às vésperas do Enem e disse que a prova começa a ter "a cara do governo". As demissões ocorrem em meio a denúncias de censura no conteúdo da prova.
Quero afirmar a todos os estudantes e aos alunos e pais que nos ouvem que o Enem está garantido. As provas foram impressas há meses, já foram encaminhadas. Não há como interferir nem eu, nem o presidente do Inep, nem o presidente da República. Então, essa ideia de que houve interferência é uma narrativa de quem quer politizar a educação.
Questionado, Ribeiro declarou ser necessário perguntar ao presidente o que ele quis dizer quando afirmou que a prova começaria a ter "a cara do governo", mas ponderou diversas vezes que o exame precisa ter questões técnicas e não de "cunho ideológico".
"Essa é uma pergunta que caberia bem a ele [Bolsonaro] responder porque ele nunca me pediu nada, nunca sugeriu nada. Então, eu simplesmente estou aqui para desfazer uma narrativa. Ele falou a 'cara do governo' porque é o nosso governo. Nós temos feito da melhor maneira possível", afirmou.
O ministro comunicou que o Enem deste ano "está garantido" e declarou não ter conhecimento nem mesmo do tema da redação da prova.
Ribeiro também comentou haver "perguntas que não tem cabimento" no exame e que sua reprovação a elas é um reflexo do que a sociedade brasileira pensa também.
"Eu não tenho acesso, não influi, nem tampouco o presidente influiu nas questões que nós estamos fazendo referência [como inadequadas]. É claro não sou eu que penso assim, nem o presidente. A maioria da população brasileira quando ela ouve algumas questões que são feitas, elas têm certeza que aquilo não deveria estar ali [no Enem]."
Ribeiro ainda confirmou na entrevista que o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior) e o ProUni (Programa Universidade para Todos) serão reeditados pelo governo Bolsonaro. Dizendo que "nem tudo são flores", o responsável pela pasta informou, segundo seus cálculos, que ao menos 50% dos estudantes com Fies não estão pagando o financiamento de seus cursos superiores.