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28/10/2021 às 12h09min - Atualizada em 28/10/2021 às 12h09min

'Brigando sozinho', BC terá dificuldade para controlar a inflação;

Na leitura dos analistas, o combate à inflação ficou mais difícil porque o BC tem feito todo o trabalho sozinho. O que falta, dizem, é uma sinalização do comprometimento do governo Jair Bolsonaro com a responsabilidade fiscal.

g1
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O Banco Central está 'brigando sozinho' contra a inflação – e vai ter dificuldade para controlar a alta generalizada de preços, mesmo com o forte aumento da taxa básica de juros e da sinalização de novas altas da Selic mais adiante, segundo analistas

A avaliação é que o combate à inflação ficou mais difícil porque o BC não tem tido companhia nessa briga. O que falta, dizem, é uma sinalização do comprometimento do governo Jair Bolsonaro com a responsabilidade fiscal. Isso porque o controle das contas públicas gera um efeito em cascata: melhora a credibilidade do país, atraindo mais investidores estrangeiros; isso se reflete no câmbio, o que ajuda a manter a inflação sob controle.

"A estratégia de combate à inflação não deve ficar exclusivamente nos ombros do Banco Central. É tarefa do governo como um todo", afirma José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Na quarta-feira (27), o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 1,5 ponto, para 7,75% ao ano, e indicou que vai seguir com o aperto monetário.

Com a retomada gradual da economia global, depois de superada a fase mais aguda da pandemia, o preço das commodities subiu e se somou ao desarranjo nas cadeias de produção – a crise sanitária paralisou ou reduziu a produção em muitos setores industriais. Essa interrupção provocou uma escassez de produtos, pressionando os custos em todo o mundo.

A maior parte dos países também enfrenta uma crise na área energética, com a disparada dos preços da conta de luz – o que também vem afetando o Brasil. Mas, por aqui, o cenário inflacionário é bem mais desafiador por causa das incertezas política e fiscal.

"A gente tem uma percepção elevada dos riscos político e fiscal. E essa percepção bate na taxa de câmbio", afirma Senna, que também foi diretor do Banco Central. "O processo inflacionário está representando uma ameaça bastante significativa."

De fato, o quadro piorou na semana passada com as manobras do governo Bolsonaro para furar o teto de gastos.

A regra é considerada a principal âncora fiscal do país. Ela foi criada na gestão Michel Temer, para tentar resolver um problema crônico das contas públicas, ao limitar o crescimento das despesas – o Brasil tem um endividamento já bastante elevado para os padrões de uma economia emergente.



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