A necessidade de economizar energia para evitar novos apagões como os que aconteceram em 2001 vai atingir a economia brasileira. Se o governo tiver que adotar racionamento, o PIB (Produto Interno Bruto) corre risco de diminuir de tamanho no ano que vem, segundo projeções de economistas. Mesmo sem o racionamento, as medidas já adotadas pelo governo para economizar energia em meio à mais grave seca em 91 anos já encarecem os custos das empresas. Isso alimenta a inflação e, por tabela, deve levar o Banco Central a acelerar a alta dos juros, segundo economistas. Para eles, essa combinação tem ainda mais um efeito negativo: atrapalhar a recuperação do emprego no país. O Brasil já teve que racionar energia. E a economia sofreu. Em 2001, o PIB brasileiro fechou o ano com avanço de 1,4%, mas esse desempenho poderia ter sido melhor, se a economia não tivesse se retraído em 0,2% durante o racionamento, que começou em julho de 2001 e só acabou em fevereiro de 2002. No primeiro trimestre de 2001, o nível dos reservatórios no Brasil era de 34%. Hoje, o subsistema mais importante do país, o Sudeste-Centro Oeste, está com apenas 19,6% de capacidade, enquanto o subsistema Sul, tem apenas 25,8%. Nas contas dos economistas do Credit Suisse, o Brasil deve fechar o ano com apenas 12% dos reservatórios, já considerando as medidas adotadas pelo governo para evitar o racionamento. Como a energia hidrelétrica responde por 65% do sistema elétrico nacional, só com a volta das chuvas e a recomposição dos reservatórios o país poderá descartar totalmente o racionamento. A equipe de economia da Genial Investimentos, comandada pelo economista-chefe José Márcio Camargo, calcula em 30% a possibilidade de o Brasil ter um racionamento de energia. E, acontecendo isso, o PIB brasileiro pode fechar 2022 com variação negativa. Nossa projeção de PIB para 2022 é de crescimento de 1,9%. Entretanto, estimamos que para cada 1% de redução do consumo de energia por racionamento, o PIB deve contrair entre 0,15 a 0,2 ponto percentual. Ou seja, projetando um cenário de racionamento em 10%, por 12 meses, avaliamos que o desempenho do PIB de 2022 se encontraria entre 0,4% e -0,1%.