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09/07/2021 às 11h33min - Atualizada em 09/07/2021 às 11h33min

Três jovens negros são impedidos por seguranças de entrar em shopping de SP

Divulgação
Três jovens negros foram impedidos por seguranças de entrar no Shopping Golden Square, em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo. A cena foi presenciada pelo analista jurídico Fernando Moreira, que questionou os seguranças pela atitude. O caso ganhou repercussão após ser compartilhado nas redes sociais pelo padre Júlio Lancellotti.
Moreira contou em entrevista que os seguranças alegaram que estavam impedindo a entrada dos adolescentes, que têm entre 13 e 16 anos de idade, porque um suposto furto teria acontecido em uma das lojas. "Perguntei se foram eles que cometeram o furto e o segurança disse não. Então eu pedi que ele deixasse eles entrarem porque ele poderia responder criminalmente por isso. Aí ele levou um susto", disse.
O analista relatou que decidiu questionar o segurança após perceber que outras pessoas estavam entrando normalmente no estabelecimento. A entrada dos meninos, conhecidos por venderem bala no semáforo próximo ao shopping, acabou sendo liberada e eles contaram a Moreira que "isso acontece corriqueiramente".
Ele mesmo contou o caso para o padre Júlio, de quem é amigo de longa data. "Eu fiz o que era possível, o que estava ao meu alcance. O padre até falou para conversarmos com administração do shopping para trazer dignidade a esses jovens. Alguma coisa precisa ser feita. Não apenas denunciar", disse Moreira.
O analista registrou um boletim de ocorrência online como crime de difamação. Segundo ele, para registrar o crime como injúria racial, que seria o caso, era preciso que as vítimas comparecessem até a delegacia e os adolescentes não tinham documentos.
Em nota, o Golden Square afirmou que "não tolera nenhuma forma de discriminação ou violência e reforça que, em parceria com a empresa responsável pela área de segurança, toda a equipe passará por um reforço de treinamento sobre diversidade e abordagem".
Ontem, ao lado dos advogados Ariel De Castro Alves e Gui Macedo, secretário da Comissão de Igualdade Racial da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Moreira participou de uma reunião com a direção do estabelecimento. A ideia é propor que o shopping apoie iniciativas de inclusão e, quem sabe, ofereça uma oportunidade de aprendiz aos adolescentes.
"As coisas demoram em mudar. Eu, como homem branco, o que posso fazer é estar ao lado e denunciar. Hoje, eles entraram tranquilamente no shopping, mas os seguranças ainda ficam patrulhando eles. É preciso que isso seja denunciado até que as pessoas entendam que isso não é normal", completou o analista.

 
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